Eram quase as dez da noite, eu estava fora da estação do metrô esperando a que chegassem me buscar, a noite era cálida, o lugar concorrido e o ar cheirava a cigarro que contaminava a atmosfera cultural de Coyoacán. Logo dum tempo de olhar de pé os carros na rua, colocou-se de frente um homem que dirigindo-se hacia mim e à garota que estava do meu lado (que também estava de pé e que também olhava os carros na rua até esse momento) deu a boa noite e pediu para a gente um peso para pagar o ônibus, pois ele tinha só um e ainda que precisava três ia pedir para o motorista lhe permitir subir pagando só dois.
Tinha uns 46 anos, era alto, magro e desalinhado; o cabelo era grande e cinzo, a barba estava descuidada, mas me deu certa confiança, parecia tanto com alguns dos professores da minha faculdade de Filosofia e Letras! Levaba uma famisa folgada com desenhos coloridos e um short tão curto que atentava contra as leis da decência pública; eu achei que em algum momento apareceria com ele uma perua pintada de cores, enchida de hippies, maconha e orgias... mas nunca chegou.
Ainda que não me sobra o dinheiro, tirei dois pesos do bolso das calças e dei pra ele que agradeceu insistentemente, depois caminhou em direção aos ônibus... Me senti bem... satisfeita, eu gosto de ajudar às pessoas, seria missionária e alfabetizaria crianças em regiões desérticas se eu não fosse tão preguiçosa... sorri. Mas... logo uma angustia se apoderou de mim quando alucinei ver os céus se abrir e raios cair como se Júpiter tevesse ficado bravo comigo: a garota do meu lado me olhou severamente, tirou o audiofone do ouvido direito e falou:
-Não deveu fazer isso. Não deve confiar em ninguém. Aqui porque tem pessoas você está segura, mas nunca mais o faça de novo.
A voz dela sonou como um trovão. Eu me senti pior que um cachorrinho repreendido, respondi com um leve "sim" e fiquei junto de ela, olhando para abaixo, com tanta vergonha por ser tão crédula das coisas que falam as pessoas na rua. Depois, ela foi embora acompanhada dum garoto em bicicleta. Eu me senti melhor e pensei que aquele hippie não parecia tão mau. Me absterei de contar essa história para a família... se aquela garota se ouviu como o mesmíssimo Júpiter bravo, sei que em casa quem me espera é Juno...
Tinha uns 46 anos, era alto, magro e desalinhado; o cabelo era grande e cinzo, a barba estava descuidada, mas me deu certa confiança, parecia tanto com alguns dos professores da minha faculdade de Filosofia e Letras! Levaba uma famisa folgada com desenhos coloridos e um short tão curto que atentava contra as leis da decência pública; eu achei que em algum momento apareceria com ele uma perua pintada de cores, enchida de hippies, maconha e orgias... mas nunca chegou.
Ainda que não me sobra o dinheiro, tirei dois pesos do bolso das calças e dei pra ele que agradeceu insistentemente, depois caminhou em direção aos ônibus... Me senti bem... satisfeita, eu gosto de ajudar às pessoas, seria missionária e alfabetizaria crianças em regiões desérticas se eu não fosse tão preguiçosa... sorri. Mas... logo uma angustia se apoderou de mim quando alucinei ver os céus se abrir e raios cair como se Júpiter tevesse ficado bravo comigo: a garota do meu lado me olhou severamente, tirou o audiofone do ouvido direito e falou:
-Não deveu fazer isso. Não deve confiar em ninguém. Aqui porque tem pessoas você está segura, mas nunca mais o faça de novo.
A voz dela sonou como um trovão. Eu me senti pior que um cachorrinho repreendido, respondi com um leve "sim" e fiquei junto de ela, olhando para abaixo, com tanta vergonha por ser tão crédula das coisas que falam as pessoas na rua. Depois, ela foi embora acompanhada dum garoto em bicicleta. Eu me senti melhor e pensei que aquele hippie não parecia tão mau. Me absterei de contar essa história para a família... se aquela garota se ouviu como o mesmíssimo Júpiter bravo, sei que em casa quem me espera é Juno...
oowwwaaannnn! que bonitos!
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