jueves, 13 de mayo de 2010

As cobertas

Logo não sei o que faremos, mas é certo que um dia a gente terá que compartir a cama (respeito ao travesseiro, arranjaremos dois, ainda que nossas cabeças sejam pequenas, não sabemos as manias que o outro tem com os travesseiros); a escolha da coberta para vestir a cama será mesmo difícil, porque é seguro que eu quererei uma das princesas de Disney, e provavelmente você preferirá algum desenho violento nelas, ninguém admitirá as florezinhas, e talvez tudo termine com uma coberta listrada ou de quadradinhos em cores sóbrias aprovadas pela associação internacional de oftalmologia como seguras para a saúde.

Mas nem tudo termina aí, porque é necessário pensar desde agora na luta de corpos semi-dormidos nas madrugadas frias quando algum dos dois queira se apropriar da coberta comum a nosso calor; como solução, terá você sua coberta e eu a minha, infinitamente úteis, não só para não passar frio, pois também serão elas nossa ferramenta criadora da distância que um casal precisa criar quando briga, mesmo que na madrugada nos arrastemos com arrependido esforço para abraçar-nos e dormir na ternura da reconciliação.

As mesmas também servirão para jogar no chão na euforia queimante de fazer amor, só com a intenção de evitar elas pegarem fogo; pois você sabe que as cobertas custam dinheiro e o dinheiro não sai das árvores, imagine fazer amor cada noite acendendo um par de cobertas e depois esvaziar um extintor para apagá-las, nossa economia, que então não será tão boa, ficará pior; e talvez fique tão má que uma madrugada, com o último par de cobertas que conseguíssemos comprar, teremos que decidir entre não fazer mais amor para conservar a integridade molecular delas e dormir aquecidos; ou fazer amor, incinerá-las pra sempre e passar o resto das nossas noites tremendo de frio; ou (rogo considerar amplamente esta última opção) fazer amor a noite toda, as noites todas queimar-nos com nossas próprias peles, e não passar mais frio na hora de dormir, nem mesmo dormir...

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