lunes, 21 de junio de 2010

Não é o que me falta

Inspiração não é o que me falta, essa tenho-a, a respiro em cada fôlego triste, nas madrugadas frias quando os olhos não posso fechar, quando te imagino perto e não, e nada. E nada.

Inspiração não falta porque sinto, porque penso, porque existo e porque existes tu. Não falta porque anelo, porque desejo, porque ansio… Não falta.

Porque com o que afoga-me hoje poderia escrever mil linhas dedicadas a ti, apagá-las, escrevê-las de novo, logo aprendê-las de cor e recitá-las com o coração.

Pronto, não é inspiração o que me falta... me faltas tu.

domingo, 20 de junio de 2010

Foi assim

Eu lembro bem daquela noite em que te conheci… bom… não posso dizer que conheci porque já conhecia, mas te conheci mesmo bem… sei que tu compreendes.

Chegaste com teu melhor terno de cavaleiro e cumprimentaste com respeito aos presentes que éramos eu e minha solidão. O primeiro que fizeste após pegar uma cadeira foi meter a mão no casaco e tirar daí o teu coração, colocaste-o sobre a mesa e falaste: é teu, é teu por trinta minutos, podes começar o interrogatório. E eu comecei-o.

O que falei com ele é particular, por isso é que ninguém deve sabê-lo, amigo, é questão de respeito; mas… tranquilo, eu sei que logo ele vai te contar. Nada grave, nada tão sério, pois, sabes que tem coisas do coração que a razão não entende, e o que a razão não entende é irracional e o irracional é coisa de doidos… e os doidos, amigo… os doidos não são tão importantes para o mundo… os doidos são importantes para eles mesmos e para quem os quiser… Se tu fosses doido serias primordial para mim…

Logo disso, nossas cabeças contaram coisas absurdas, sobre niilismo e sintaxe… até que eu pedi que guardasses novamente teu coração, e quando isso fizeste foi suficiente para que soubesses tudo de mim. Eu só te conheci quando descobri em ti do que eu gosto; assim foi obvio para mim que minha cor favorita é a dos teus olhos pequenos quando me observam com sua calma habitual, que adoro o cheiro da tua proximidade, e que é tua mão, amigo, a que quero ter sempre perto.

Depois quiseste falar com meu coração, mas eu tive medo de que roubasses ele (nunca confiei em ninguém), então falaste de medos e de aventura, de doideras, de gostar dos bons amigos, de escrever histórias juntos e demais… até a hora na que teus olhos pequenos começaram a fechar-se. Foi assim que eu te conheci… bom… não posso dizer que conheci porque já conhecia, mas te conheci mesmo bem… sei que tu compreendes.

sábado, 5 de junio de 2010

As brigas

A primeira vez que a gente brigar, você falará “é normal em um casal, vai passar…” e isso será suficiente para saber que serei sua mulher o resto da vida.

Um dia brigaremos por meus ciumes, outro pela hora em que você chega, algum outro por seus ciumes, logo porque me sinto sozinha. Um dia será porque eu, egoísta, não lhe satisfiz na cama, outro porque você, vingativo, cobrou do mesmo jeito. Um dia, quando a vida nos dera filhos, brigaremos por causa deles, ou porque eu sobreprotegerei eles ou porque você não será um pai tão firme. Outro dia será por ciumes, ciumes de alguns olhos que te viram num passado remoto, desses que não fazem sentido algum, ciumes tontos.

E quando eu perder a cabeça… você perderá o sentido inteiro, e os argumentos serão espadas para nossas palavras soldados. No final, ninguém ganhará a batalha porque a causa esteve perdida desde antes de começar a discusão, porque no duelo tentávamos ter a razão sem perceber que a maior razão do mundo esteve frente à gente o tempo todo levando nossos nomes.

Então eu me arrependerei e calarei por orgulho; você, por orgulho também, nem se arrependerá e ficará bravo. Longe de nós pensaremos no outro ao fechar os olhos: lhe imaginarei com blusa de couro e aquele sorriso coquete que eu adoro, e no meu peito se açoitarão ondas ternura por você; lhe amarei mais do que lhe odeiei enquanto brigávamos, e com voz tranquila penetrarei seu orgulhoso campo pretendendo reconsiderar; é seguro que você se negará, ainda raivoso, e eu lembrarei aquelas suas palavras… “é normal em um casal, vai passar…” e ficarei tranquila tentando enobrecer seu coração com carícias suaves e olhares doces… finalmente, um dia terá que passar…

jueves, 3 de junio de 2010

As pequenas escolhas do café

A gente sabe que aprendeu a amar as pequenas coisas da vida quando a mais difícil escolha do dia acontece às 9 hrs. no café da manhã.
Ao comer pão torrado com geléia de morango e bolachas de chocolate, ambos foram tão deliciosos que duvidei entre ficar com o sabor da geléia ou do chocolate... qual comeria no final?
O chocolate ficou para o último, não porque eu decidisse isso, e sim porque eu não consegui me deter ao comer pão após pão. Logo bebi leite (tanto leite que eu amo) e para a bolacha não ficou mais espaço.